Susana Amaro Velho: E escrevo de avental porque o jantar não se faz sozinho. Aproveito os intervalos, sou muito organizada, talvez seja essa a pergunta que mais me fazem: como é que consegues? Não consigo, só disfarço bem, 4 de Agosto de 2025
Mário Cláudio: Dói-me a consciência de não ter mãos a medir, e de para tantos projectos, feliz ou infelizmente para quem me leia, se mostrar sempre tão curta a vida, 3 de Agosto de 2025
Rafael Gallo: Eu não acredito que exista “bloqueio de escritor” como algo único, uma espécie de mal monolítico. Acredito que há diferentes razões, ou contextos, para que não se consiga avançar na escrita, 2 de Agosto de 2025
José Carlos Barros: Dois conselhos que fui ouvindo ao longo do tempo: «Não desistas» e «Deixa-te disso».Ainda não sei qual é o conselho bom e o conselho mau, 1 de Agosto de 2025
Fernando Pinto do Amaral: É importante resistir às redes sociais, tendo em conta que para me dedicar à escrita afasto propositadamente o telefone e finjo que ele não existe durante o tempo em que estou a escrever, 31 de Julho de 2025
José Alberto Postiga: Passei dez anos consecutivos a criar. Agora, é tempo para viver o que não se vive durante os processos criativos. Deixar os dias passarem, sem dramas, 30 de Julho de 2025
Rosa Alice Branco: A única utilidade da insónia não deve ser desperdiçada. Já escrevo às escuras, ou com uma pequena lanterna. O problema é, na manhã seguinte, decifrar as garatujas, 29 de Julho de 2025
Ricardo Figueira: O melhor remédio é mesmo sentar-me com um caderno e uma caneta, colocar todas as ideias, mesmo de forma caótica, num papel, e depois fazer um esquema dividido por capítulos em que vou organizando essas ideias, 28 de Julho de 2025
Isabel Rio Novo: Há um conselho que dou aos meus alunos: nunca se contentarem com a primeira versão e descobrirem o verbo de edição que existe para cada um: pode ser cortar, desenvolver, clarificar, limpar…, 27 de Julho de 2025
Rui Bondoso: Faço pausas que podem durar minutos, horas ou dias (não muitos). Melhor, dou a mim mesmo a permissão para me afastar da tarefa, e então caminho, leio e aprecio outras coisas da vida, 26 de Julho de 2025
Sara Rodi: Gostaria que o meu último romance fosse lido pelo próprio Pessoa. Acho que daríamos umas boas gargalhadas juntos, 25 de Julho de 2025
Nuno Costa Santos: A vida de um escritor é levantar, comer uma torrada ou um iogurte de aveia, desejavelmente dentro do prazo, com os olhos de uma personagem de Shakespeare antes de morrer, e escrevinhar, raramente com as melhores vestes, 24 de Julho de 2025
Cristina Carvalho: Escrevo sempre a ouvir música. Sempre. Ponho uns auscultadores e ligo a música em altíssimo som. Não, não é música clássica. Mas só com um som altíssimo, mesmo, consigo a abstracção total que preciso para me concentrar, 23 de Julho de 2025
Pedro Almeida Maia: De vez em quando (agora raramente devido à vida profissional), escrevo dentro do carro, estacionado diante do mar ou da Lagoa das Sete Cidades. Coisas de quem vive na ilha, 22 de Julho de 2025
Cláudia Lucas Chéu: Felizmente não sofro de bloqueios criativos. Por vezes as coisas fluem com menos facilidade. Apenas isso, 21 de Julho de 2025
José Riço Direitinho: Durante muitos anos escrevia quase sempre com sono, depois corrigia a escrita no dia seguinte bem acordado, 20 de Julho de 2025
Ana Margarida de Carvalho: Acolho com muito apreço conceitos como a desorientação ou a divagação, a repetição ou o caos, que como diz Saramago, é uma ordem por decifrar, 19 de Julho de 2025
Miguel d’Alte: Todos os dias sento-me a trabalhar e escrevo. Há dias que correm melhor, e em que a escrita flui como um sabonete molhado; noutros, corre pior, 18 de Julho de 2025
Clara Macedo Cabral: Tenho de ponderar bem a que assunto vou entregar mais uns quantos anos de vida, antes de pisar aquela antecâmara escura, silenciosa, solitária, da qual não sei nem como nem quando irei emergir, 17 de Julho de 2025
Mário Rufino: Raramente escrevo quando estou feliz. Por isso, desejem-me uma obra curta. Como ninguém é sempre feliz, irei continuar a escrever, 16 de Julho de 2025
Maria Inês Almeida: Acho que todo o caminho de escrita passa por desaprender o que nos disseram que era certo, até encontrarmos a nossa própria respiração nas palavras, 15 de Julho de 2025
Afonso Reis Cabral: Escrever a primeira versão à mão tem sido muito útil. Nos meus cadernos não há pressão digital, apenas as páginas em branco e a minha letra a preenchê-las, 14 de Julho de 2025
Maria Saraiva de Menezes: Corro sempre meia hora antes de me sentar para escrever. Normalmente começo a escrever, a correr, nas notas do telemóvel, 13 de Julho de 2025
Joaquim Arena: É sempre uma luta tenaz, uma procrastinação diabólica com a preguiça, até as primeiras frases, parágrafos, começarem a sair. Depois, é como uma febre, 12 de Julho de 2025
Ana Cristina Silva: Foi por causa do Trump que escolhi escrever sobre o marquês, apesar do marquês de Pombal ser várias vezes mais inteligente do que Trump, 11 de Julho de 2025
José Gardeazabal: Um dos canais mais frequentes da minha rotina de escrita é a atenção ao inesperado, ao que, à superfície, não é literatura, 10 de Julho de 2025
Dora Gago: Houve um tempo em que escrevia ao som das trovoadas, sobretudo poesia. Por vezes, quando havia falhas de electricidade, os versos surgiam à luz dos relâmpagos, em linhas tortas, 9 de Julho de 2025
Richard Zimler: Gostaria que algum bilionário lesse o meu último livro e decidisse financiar uma série de filmes baseados nos meus livros!, 8 de Julho de 2025
Gabriela Ruivo: Escrevo quando posso, quando a loucura do dia-a-dia me permite ter um momento de clausura, 7 de Julho de 2025
João Pedro Vala: Talvez erradamente, estou convencido de que a criatividade e inspiração desempenham um papel bem mais pequeno do que se apregoa no processo de escrita de um livro, 6 de Julho de 2025
Rita Canas Mendes: Na literatura, a descoberta, a criatividade, a surpresa que nos fazem voltar a um texto só surgem quando escrevemos no limite da nossa ignorância, 5 de Julho de 2025
Sandro William Junqueira: Escolheria para ler o meu livro mais recente todos os professores de Português que durante a escola secundária me deram negativa no final do ano. E foram alguns., 4 de Julho de 2025
Julieta Monginho: Quando abro o computador, só começo a escrever depois de uma série de jogos – exercícios de memória e agilidade de raciocínio, 3 de Julho de 2025
Rui Couceiro: A escrita de ficção é como a história de Teseu e o Minotauro – é só irmos desenrolando até chegarmos ao final, 2 de Julho de 2025
Margarida Rebelo Pinto: Não sou capaz de me sentar à secretária se tiver a casa desarrumada, a máquina de loiça por despejar, ou máquinas de roupa por fazer. Preciso de ter a casa totalmente em ordem para escrever, 1 de Julho de 2025
Gonçalo Câmara: Acredito profundamente na premissa do Hemingway de começar com uma frase verdadeira. E se partimos da verdade, o que vem depois é extraordinário, 30 de Junho de 2025
Joana Bértholo: Bloqueio criativo? Se não for grave, se for só um mau dia, vou ver um filme, ler um livro, correr ou dar um mergulho no mar, 29 de Junho de 2025
Rodrigo Guedes de Carvalho: O melhor conselho de escrita que recebi foi, sem dúvida, o que se aplica na ficção e no jornalismo: “escrever bem é cortar”, 28 de Junho de 2025
Dulce Garcia: A autenticidade na escrita é absolutamente fundamental. E na vida também, 27 de Junho de 2025
António Mota: O melhor conselho foi-me dado pela Agustina Bessa-Luís no tempo em que eu estava a começar: “Nunca queira estar na moda”, 26 de Junho de 2025
Patrícia Reis: Não escrevo índices, não faço guiões e estruturas narrativas antes de escrever e nunca sei o final da história, deixo-me ir, 25 de Junho de 2025
Nuno Duarte: Quinhentas palavras por dia é objectivo mínimo, idealmente mil. A partir daí será tudo lucro, 24 de Junho de 2025
Marta Pais Oliveira: Sou grande entusiasta do acaso nos processos criativos. Uso-os, a esses fragmentos, como trampolins para gerar caminhos, 23 de Junho de 2025
Paulo Moreiras: Aquilo que tem mais impacto na minha formação como escritor é a minha infinita curiosidade, 22 de Junho de 2025