Joaquim Arena em entrevista à RIL: “É sempre uma luta tenaz, uma procrastinação diabólica com a preguiça, até as primeiras frases, parágrafos, começarem a sair. Depois, é como uma febre”

O seu fim-de-semana só fica completo com duas entrevistas RIL: hoje, Joaquim Arena, amanhã, Maria Saraiva de Menezes (e, já agora, segunda-feira, Afonso Reis Cabral).

Todas as entrevistas anteriores estão acessíveis a partir daqui.

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Se pudesse escolher uma ou duas pessoas para lerem o seu livro mais recente, quem seriam?

Não tenho ninguém em especial, mas escolheria algum descendente directo do guerrilheiro Remexidio.

Como lida com o bloqueio criativo?

Nunca tive bloqueios. Pelo contrário, tenhos várias ideias para livros. Por vezes penso se não seria melhor publicar um livro de contos com elas. Por outro lado, as histórias são buriladas na cabeça e só depois passadas a escrito. Por isso, não há qualquer bloqueio.

Qual foi o melhor ou o pior conselho de escrita que já recebeu?

O mais importante foi o de ler muito, ler sempre, não há escritor sem leitor. Foram vários os escritores que o disseram, em entrevistas. Não é bem um conselho pessoal, mas foi como se tivesse sido.

Quem é a pessoa, ou qual é o lugar ou prática que teve o maior impacto na sua formação como escritor?

A prática foi a leitura intensa, como respondi atrás. A pessoa foram as histórias de Cabo Verde que a minha mãe sempre nos contou ou que eram matéria de conversa com familiares e amigos.

Há alguma parte da sua rotina de escrita que poderia surpreender os seus leitores?

Não tenho rotina nem muita disciplina na escrita. É sempre uma luta tenaz, uma procrastinação diabólica com a preguiça, até as primeiras frases, parágrafos, começarem a sair. Depois, é como uma febre, uma crise de paludismo, que nos prende à secretária.

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Joaquim Arena (1964, ilha de São Vicente, Cabo Verde), filho de pai português e mãe cabo-verdiana, foi conselheiro cultural do presidente da República de Cabo Verde até 2021. A Verdade de Chindo Luz (2006) foi o seu primeiro romance. Debaixo da Nossa Pele saiu na China e nos EUA. Siríaco e Mister Charles, publicado pela Quetzal, recebeu o Prémio Oceanos, foi já publicado no Brasil e sairá nos EUA, Itália e Sérvia. As Mortes do Meu Pai é o seu mais recente livro.

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