A entrevistada de hoje da Revista de Imprensa Literária é Sara Rodi, escritora com mais de 40 títulos publicados (tanto para crianças como para adultos). Tenho a certeza de que vai gostar de ler as suas respostas.
Amanhã: Rui Bondoso.
Domingo: Isabel Rio Novo.
Todas as entrevistas anteriores estão acessíveis a partir daqui.
Boas leituras.
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Se pudesse escolher uma ou duas pessoas para lerem o seu livro mais recente, quem seriam?
O meu livro mais recente é para crianças – “A menina que quer ser invisível”, segundo volume da coleção “Alerta Emoções” – e o tema central é o bullying. Sei que tem chegado às mãos de várias crianças que desejam essa invisibilidade, mas gostava que chegasse também às daquelas que, por qualquer razão, se tornam agressoras. Esta história é também para essas. Já o meu último romance – “O Quanto Amei – Fernando Pessoa e as Mulheres da sua vida” –, gostaria que fosse lido pelo próprio Pessoa. Acho que daríamos umas boas gargalhadas juntos.

Como lida com o bloqueio criativo?
Geralmente calço os ténis e vou dar uma volta ao quarteirão. “Vou ali conversar com o vento”, aviso a quem está em casa. E o vento costuma ser bom conselheiro. Se é um bloqueio mais profundo – não estou a rever-me no que escrevo, por exemplo – volto ao papel e ao lápis, ao esquema e às perguntas essenciais: “Porque é que eu estou a escrever isto?”, “O que é que eu tenho para dizer?”. Se as respostas vierem, é para continuar.
Qual foi o melhor ou o pior conselho de escrita que já recebeu?
Trabalhei muito tempo em ficção televisiva com o Francisco Nicholson, que, sempre que eu me punha em causa, me aconselhava a não me levar tão a sério. É um conselho para a vida, mas que também se aplica à escrita.
Quem é a pessoa, ou qual é o lugar ou prática que teve o maior impacto na sua formação como escritora?
A minha mãe, antes de qualquer outra pessoa, pelas histórias que me lia ao deitar, e pela ajuda que me deu a “montar” o meu primeiro livro num molho de folhas A4 agrafadas, tinha eu seis anos. Alguns dos meus professores a quem eu dava a ler o que escrevia, da primária à faculdade, também foram decisivos para as escolhas que fiz. E destaco Évora, lugar onde tive oportunidade de crescer com tempo e horizontes a perder de vista.
Há alguma parte da sua rotina de escrita que poderia surpreender os seus leitores?
Só talvez a minha necessidade de descobrir uma “banda sonora” antes de começar a escrever um livro. E a certeza de que a vou ouvir até o concluir, dure ele o tempo que durar (o meu último romance durou sete anos).
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Sara Rodi publicou os primeiros livros no ano 2000, contando hoje com mais de 40 títulos para crianças e adultos. É também argumentista, tendo participado na criação e escrita de diversos produtos televisivos. Experimentou a apresentação no Canal S+ e participa regularmente como oradora em diversos encontros sobre os temas que a movem.
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