Não, ainda não estamos prontos para encerrar esta série de entrevistas RIL. Depois de Nuno Costa Santos, hoje, ainda há muitos escritores para conhecer até aos primeiros dias de Agosto.
Amanhã: Sara Rodi.
Sábado: Rui Bondoso.
Todas as entrevistas anteriores estão acessíveis a partir daqui.
Boas leituras.
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Se pudesse escolher uma ou duas pessoas para lerem o seu livro mais recente, quem seriam?
Escolheria Jacques Brel. Porque é personagem determinante da narrativa. Queria confirmar que ele daria uma gargalhada oceânica sobre aquilo que escrevi sobre a sua viagem de barco pelo mundo. Se ele chorasse com a parte sobre a morte do seu amigo Jojo, também não me admiraria.

Como lida com o bloqueio criativo?
Os cafés ajudam. A cocaína, uma viagem ao Japão ou o plágio também. Pena nunca ter experimentado.
Qual foi o melhor ou o pior conselho de escrita que já recebeu?
O melhor não me lembro. O pior foi o de que tinha talento e devia continuar. Acreditei que era verdade.
Quem é a pessoa, ou qual é o lugar ou prática que teve o maior impacto na sua formação como escritor?
A pessoa fui eu próprio. Sou vítima das minhas virtudes e dos meus erros – ainda para mais porque arrisco a escrita autobiográfica. Quanto ao lugar, poderei dizer a mesa. De casa ou de café. Que suportam a felicidade ou a penosidade que é escrever. A prática foi aquela que tive ao frequentar más, péssimas, companhias: os escritores que li. O Código de Registo Predial, que anotei na altura da Faculdade, também contribuiu. Se fosse mais interessante, não teria ido pelos maus caminhos da literatura.
Há alguma parte da sua rotina de escrita que poderia surpreender os seus leitores?
Não sei se todos os leitores sabem que a vida de um escritor que se dedica a livros maiorzinhos, digamos assim, é levantar, comer uma torrada ou um iogurte de aveia, desejavelmente dentro do prazo, com os olhos de uma personagem de Shakespeare antes de morrer, e escrevinhar, raramente com as melhores vestes.
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Nuno Costa Santos é escritor e argumentista. Tem trabalhado em vários géneros.
Autor de livros como “Céu Nublado com Boas Abertas“ (romance) “Trabalhos e Paixões de Fernando Assis Pacheco“ ( biografia), “A Mais Absurda das Religiões“ (crónica) e de peças de teatro como “Mundo Distante”, “I Don’t Belong Here” e “Em Mudanças”.
No audiovisual, fez parte da equipa de programas como “Zapping”, “Os Contemporâneos”, “Mal Amanhados — Os Novos Corsários das Ilhas”.
A personagem melancómico que criou e protagoniza, teve diversas consagrações — do livro à rádio.
Assina colaborações em diferentes jornais e revistas e integra o painel do programa Novo Normal.
É dos fundadores da produtora Alga Viva, com sede nos Açores, dirige a revista literária Grotta e o Encontro Arquipélago de Escritores. (via Wook)
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