Hoje, na secção de entrevistas da Revista de Imprensa Literária, vai encontrar José Riço Direitinho, autor de O Escuro que te Ilumina.
Amanhã: Cláudia Lucas Chéu.
Terça-feira: Pedro Almeida Maia.
Todas as entrevistas anteriores estão acessíveis a partir daqui.
Boas leituras.
***

Se pudesse escolher uma ou duas pessoas para lerem o seu livro mais recente, quem seriam?
Os dois ou três últimos livros foi sempre a mesma pessoa: uma amiga jornalista e escritora. Depois o editor também pode dizer umas coisas, sugerir.

Como lida com o bloqueio criativo?
Quando sinto essa coisa a que chamam bloqueio criativo, mudo de história. Acontece sobretudo quando escrevo um livro de contos. Quase nunca consigo chegar com uma história até ao fim sem pelo meio ter escrito parágrafos de outras. No romance, posso tentar mudar de capítulo. Ou esperar que o resto da história me chegue… Pois nunca conheço o fim.
Qual foi o melhor ou o pior conselho de escrita que já recebeu?
Talvez quando há muitos anos o Lobo Antunes me disse: “ó Zé, temos de escrever todos os dias, para ‘fazer a mão’ como os cirurgiões e os pianistas. Também não sabemos fazer mais nada!“
Quem é a pessoa, ou qual é o lugar ou prática que teve o maior impacto na sua formação como escritor?
Sem dúvida os livros do Lobo Antunes e dos latino-americanos, quando aos dezoito anos comecei a escrever. Mas em termos de imaginação (não gosto desta palavra, soa sempre a um dom, e não é), de cenário de muitas histórias durante muitos anos, foi a casa dos meus avós maternos, de onde nunca saí.
Há alguma parte da sua rotina de escrita que poderia surpreender os seus leitores?
Não sei se surpreende ou não, mas durante muitos anos escrevia quase sempre com sono, depois corrigia a escrita no dia seguinte bem acordado. Outra coisa é que voltei a escrever ficção à mão, é uma escrita diferente, há uma ligação entre o cérebro e a mão que torna a escrita mais lenta.
***
José Riço Direitinho nasceu em Lisboa, em 1965. É licenciado em Agronomia. Publicou três romances (Breviário das Más Inclinações, O Relógio do Cárcere, e O Escuro Que Te Ilumina) e três livros de contos (A Casa do Fim, Histórias com Cidades, e Um Sorriso Inesperado). Está traduzido em várias línguas, entre elas alemão, neerlandês, búlgaro, italiano, castelhano, romeno, coreano e árabe. Escreveu em vários jornais e revistas, entre os quais Diário de Notícias, Visão, e O Independente. Actualmente colabora, como crítico literário, com o Ipsilon (suplemento do jornal Público), e com a revista LER.
*