Em jeito de celebração pela chegada do Verão, REVISTA DE IMPRENSA LITERÁRIA pediu a vários escritores portugueses que respondessem a cinco perguntas sobre o seu processo criativo, a rotina de escrita, os anseios, os conselhos e as formas de lidar com o bloqueio.
Assim, a partir de hoje e ao ritmo de uma entrevista por dia, publicarei aqui as suas respostas. A abrir, Paulo Moreiras.
Amanhã: Marta Pais Oliveira.
Boas leituras!
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Se pudesse escolher uma ou duas pessoas para lerem o seu livro mais recente, quem seriam?
Gostaria muito que Arturo Pérez-Reverte pudesse ler o meu romance A Vida Airada de Dom Perdigote, e ver como tive a ousadia de brincar literariamente com Cervantes, Shakespeare, Quevedo e El Greco.

Como lida com o bloqueio de escritor?
Da mesma maneira como a rachar lenha. Com muito esforço, suor e dor nas costas.
Qual foi o melhor ou o pior conselho de escrita que já recebeu?
Penso que nunca ninguém me deu conselhos, bons ou maus, para escrever. Do que me lembro, sim, foi o dia em que me disseram que nunca seria um bom escritor, pois dava muito erros ortográficos. Reconheci essa dura verdade e tive vergonha. Dessa vergonha nasceu uma tenacidade que ainda hoje me alimenta, a de querer ser melhor, de estar sempre a aprender, todos os dias, de errar, e voltar a escrever de novo.
Quem é a pessoa, ou qual é o lugar ou prática que teve o maior impacto na sua formação como escritor?
Aquilo que teve e tem mais impacto na minha formação como escritor é a minha infinita curiosidade. É ela que alimenta a minha sede de conhecimento, o meu gosto pela leitura, e daí decorre o prazer em contar histórias. Escrevo porque gosto de contar histórias.
Há alguma parte da sua rotina de escrita que poderia surpreender os seus leitores?
Na minha rotina de escrita não tenho nada que possa surpreender os leitores. Sou muito simples. Quando muito, talvez o meu ritual em preparar um chá possa ser inusitado. Dependendo da imaginação do dia, vou mudando o tipo de chá que preparo. Todavia, na maior parte das vezes é sempre um chá de menta.
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Paulo Moreiras nasceu em agosto de 1969, na cidade de Lourenço Marques, Moçambique. Em outubro de 1974 aterrou em Portugal. Quis ser desenhador, cientista, inventor, marinheiro, antropólogo. Não foi nada disso. Perdeu-se muitas vezes e achou-se outras tantas. Erra mais do que acerta, mas não deixa de ser feliz por isso. Começou na banda desenhada, navegou pela poesia e desaguou no romance com A Demanda de D. Fuas Bragatela (2002). Seguiram-se Os Dias de Saturno (2009) e O Ouro dos Corcundas (2011). N’O Caminho do Burro (2021) reuniu os seus melhores contos. Também escreve sobre gastronomia, com destaque para Elogio da Ginja (2006) e Pão & Vinho – mil e uma histórias de comer e beber (2014). Gosta do que faz e daquilo que quer fazer. (via Wook)
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