Muitas mulheres na RIL de hoje: Elizabeth Strout conta tudo a Isabel Lucas; Jenny Odell dá-nos um guia para não fazer nada; Luciana Leiderfarb escreve sobre a-estranha-que-se-entranha Clarice Lispector; e Amy Winehouse.
Mas há mais.
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No IPSILON:
Absolutamente imperdível a entrevista de Isabel Lucas a Elizabeth Strout. “Aos 69 anos, é um caso na literatura norte-americana. Crítica e leitores parecem unir-se num consenso que faz franzir alguns sobrolhos. Autora de grandes personagens, como Olive Kitteridge e Lucy Barton, criou um universo sólido baseado na ideia de que o lugar e a história valem quase tudo. Esteve em Lisboa para falar disso e do seu último romance, Conta-me Tudo” (Alfaguara, com tradução de Tânia Ganho).

O que diz Strout? Três excertos:
(…) depois de ter trabalhado tanto durante tantos anos, encontrei a minha voz
com ele. Lembro-me de ter pensado: “É assim que devo
escrever, é isto que é escrever”. Foi quase como aprender a andar de bicicleta: agora consigo, agora sei pedalar na rua.

Bem, agora as frases saem um pouco melhor do que antes. Tenho alguma noção enquanto a escrevo de que a frase que está a sair não é uma frase má, embora possa reescrevê-la. Esse acto permite-me ouvi-la. Isto tem muito que ver com o meu ouvido. Com o ouvido e com o tom. Saber que o leitor vai absorver tudo visualmente, mas também que há um som que tem de ficar no ouvido suavemente e com um ritmo.
Sei exactamente sobre quem estou a escrever no momento. Conheço as personagens todas e parecem-me muito reais. Mas, enquanto estou a escrever, continuo a descobri-las.
Depois de Elizabeth Strout, vai encontrar um texto de Renata Monteiro sobre O Guia para Não Fazer Nada, de Jenny Odell (Casa das Letras, com tradução de Luís Filipe Silva):
O que podemos alcançar colectivamente depende da nossa capacidade de “prestar atenção de forma sustentada”. O Guia para Não Fazer Nada é para ler num jardim (ou no autocarro para o trabalho).

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No IDEIAS, do EXPRESSO:
A jornalista Liliana Valente anda a ler: Os Informadores, de Juan Gabriel Vásquez (Alfaguara, com tradução de Hugo Gonçalves), e As Mães, de Brit Bennett (Alfaguara, com tradução de Eugénia Antunes).


Na revista E, do EXPRESSO:
“Estranha que se entranha”. É desta forma que Luciana Leiderfarb titula um texto de duas páginas sobre Clarice Lispector, numa altura em que estão a sair em Portugal novos livros da escritora brasileira, publicados pela Companhia das Letras.

Depois, na crítica, José Mário Silva dá cinco estrelas a Trilogia da Paixão, de Ariana Harwicz (Elsinore, com tradução de Guilherme Pires):
Não há cartografia literária onde a escrita de Harwicz se possa inscrever de forma clara, porque ela não se parece com nada.
Em seguida, Luís M. Faria tem quatro estrelas para Guerra Nuclear – Um cenário, de Annie Jacobsen (Dom Quixote); Pedro Mexia atribui quatro estrelas a Epoché, de Manuel Afonso Costa (Assírio & Alvim); também quatro estrelas de Paulo Nóbrega Serra para Mandíbula, de Mónica Ojeda (Dom Quixote, com tradução de Rui Elias).



Referências breves para Contos Suicidas, de Fernando Pinto do Amaral (Dom Quixote), e para Israel vs Palestina, de Ilan Pappé (Ideias de Ler).
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No POSTAL DO SUL:
Paulo Nóbrega Serra critica As Crianças Adormecidas, de Anthony Passeron (Livros do Brasil, com tradução de Diogo Paiva):
Uma narrativa que agarra logo nas primeiras linhas, apesar de ser um tema denso (as imagens das moscas no talho que é propriedade da família, e onde opai, irmão mais novo, fica a trabalhar, são emblemáticas), num tom confessional, mas sóbrio, que entrelaça memórias íntimas, sociologia e história.
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No JORNAL DE NOTÍCIAS:
Na última página, “Lello comprou livros de Amy Winehouse – Biblioteca privada da artista está exposta na livraria do Porto. Não foi revelado quanto custou a coleção”.

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No CORREIO DA MANHÃ:
Também aqui, Amy: “A livraria Lello, no Porto, adquiriu a coleção literária pessoal de Amy Winehouse composta por mais de 200 livros. Entre as obras estão ‘Dangerous Kiss’, de Jackie Collins, ‘Heaven to Hell’, de Lachapelle, ‘Little Shop of Horrors’, de Howard Ashman, ou ‘The Catcher in the Rye’, de J.D. Salinger. A coleção, que foi arrematada recentemente em leilão pela livraria portuense e que espelha diferentes fases da vida de Amy Winehouse (conta ainda com dedicatórias e notas pessoais da cantora), pode ser vista pelo público a partir de hoje. Amy morreu em 2011 aos 27 anos.”.
Esta sexta-feira, Francisco José Viegas sugere O Mundo Criou o Ocidente, de Josephine Quinn (Temas e Debates, com tradução de Paulo Tavares e Sara M. Felício).

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No WEEKEND, do JORNAL DE NEGÓCIOS:
Manuel Falcão sugere O Que Está Para Vir – Uma vida com Julião Sarmento, de Helena Vasconcelos (Quetzal):

Mais do que o relato da ligação entre ambos, o livro é uma viagem por uma época particularmente fértil e interessante em Portugal, a segunda metade dos anos 70 e a década de 80.
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Boas leituras.